Acre: agricultura e prostituição


Há alguns anos, conversando com um amigo comentei sobre as diferenças na visão política quanto ao uso das terras agricultáveis nos estados do Acre e de Rondônia, e fiz um prognóstico pelo qual fui fortemente repreendido por ele.

Havia dito que do jeito que as coisas estavam indo, os produtores de Rondônia iriam encher seus caminhões de produtos agrícolas para serem exportados pela estrada do Pacífico, e o Acre serviria apenas de parada para os caminhoneiros.

E disse outras bobagens sobre o que seriam estas paradas onde as filhas dos agricultores do Acre poderia estar trabalhando. E não vou repeti-las novamente.

Mas ao ler o comunicado da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em que diz (ver) "A diretoria da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) cumpre o dever de informar o afastamento imediato, deste colegiado, do presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Acre, Assuero Doca Veronez. Ele permanecerá afastado até que sejam concluídas as investigações policiais sobre suposta rede de prostituição de menores. A CNA repudia a exploração sexual de menores e considera indefensável o envolvimento de qualquer cidadão com a prática de crimes desta natureza".

Novamente venho a minha memória o quadro que imaginei anteriormente.

A agricultura no estado do Acre foi deliberadamente falida.

Foi massacrada por uma política ambiental irresponsável e voltada unicamente em atender os interesses de ONGs de capital estrangeiro, como a privatização da concessão de uso das florestas públicas, e também para atender aos interesses do capital local vinculado aos grandes pecuaristas, que com descapitalização dos pequenos produtores podem expandir sua reserva de terras e seu rebanho, algumas meses até mesmo reconcentrando terras em projetos de assentamento agrícola.

Mas o mais vergonhoso é ver que entre as pessoas acusadas de usar de forma reiterada uma rede de aliciadores menores para exploração sexual e que pagavam pelos programas valores que variavam de R$ 50,00 a R$ 800,00, por garota (ver), está o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Acre.

Infelizmente, mais uma vergonha para o Estado do Acre.

Mas, desculpem a franqueza: em uma casa onde as pessoas não tem emprego ou passam fome, a prostituição é uma benção. E esta é a situação de nossa agricultura, tão bem retratada nesta vergonhosa notícia.


Paulo Wadt
O POVO DO ACRE QUER SEU HORÁRIO DE VOLTA!

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