De acordo com o Jornal ContilNet, podem chegar a 200 o número de pessoas envolvidas com a prostituição infantil no Acre (ver), algo que provavelmente supera as expectativas iniciais de haver cerca de 12 suspeitos, além dos próprios aliciadores.
Sabendo a postura e o comportamento de algumas pessoas conhecidas, acho muito provável que estejam nesta lista e, quem sabe, já tenham até se antecipado pedindo o habeas corpus preventivo, o que para alguns pode até parecer uma quase confissão de culpa.
Mas neste momento, devemos evitar fazer uso político desta operação e foi sábia a Polícia Civil, o Ministério Público e a Polícia Federal em fazerem as primeiras prisões somente após as eleições.
Eu até acredito que o modelo econômico implantado no Estado do Acre tenha favorecido esta prática, pois a miséria e a pobreza levam um maior número de pessoas a se aliciarem. Mas ela não é decorrente apenas disto.
O importante neste momento é que as instituições possam atuar com a liberdade para a qual foram constituídas.
As eleições para a Prefeitura Municipal de Rio Branco se encerraram com a divulgação dos resultados junto pela Justiça Eleitoral e não devemos ficar agora querendo fazer relação deste caso com as eleições, pois, podem haver pessoas da oposição e da situação envolvidas ou pelo menos no rol de suspeitos.
Devemos sim esperar que as instituições cumpram suas funções, tanto na investigação como no processo de acusação e do direito à defesa pelos acusados. E neste momento, o Governo Estadual pode colaborar ao não fazer gestão evitando proteger uma ou outra pessoa possivelmente envolvida.
Quanto a oposição, temos que valorizar a atitude do Governo Estadual, que pelo menos até agora, não se tem notícia de que esteja tentando encobrir os fatos. As pessoas que não concordam com esta situação precisam somar-se a luta por um bem maior.
Mas também cabe à oposição o papel de propor alternativas de desenvolvimento para o Estado, no campo da educação, da inteligência e da segurança pública, e na geração de empregos e renda, para que uma situação como esta seja menos provável de repetir-se no futuro.
A situação reflete a decadência moral que a cidade esta se envolvendo, mas é uma oportunidade para se subir o nível do debate em busca da sociedade que queremos para o Acre.
Talvez este seja o momento de iniciarmos um novo debate. Sem falsas acusações, mas também sem esconder os problemas que existem e que quando descobertos, causam toda esse constrangimento. Porque somente a partir do reconhecimento da verdade, nua e crua, conseguiremos construir um novo caminho que seja a base de uma sociedade mais justa.
Paulo Wadt